Entendendo a cor como uma representação generalizada de um estado prazeroso, a sua ausência pode conferir a ideia exatamente oposta - tristeza, dor. Nesta óptica, O Que Podemos Esperar da Dor parte de um alto contraste do preto e branco - puros -, num mar confuso e sem forma aparente, para um pensar a dor.

Partindo de um negativo de grande formato, a representação é limitada à composição, abrindo espaço à interpretação e reconhecimento de formas diversas pelo espectador. Torna-se interessante perceber que, ao revisitar o projecto diversas vezes, é possível ver formas e ideias diferentes do anteriormente encontrado. De modo semelhante, também nos momentos de dor estamos impossibilitados de encontrar algum sentido para o vivido, mas com o tempo vamos conseguindo ler de forma diferente essas experiências.

Desta forma, a série não é a procura nem a resposta para a dor - não me atreveria a tanto -, mas o reconhecer que se trata de um caminho e aprendizagem que nos faz crescer e encontrar novas formas de viver - melhores, porventura.